Ana Angélica Costa e Mariana Vilela
Em Diálogo
Em Diálogo
Em cartaz de 5/abr a 26/mai/2019
A exposição, resultado do Prêmio FUNARTE Artes Visuais - Periferias e Interiores 2019, dedicado ao fomento de artistas locais e regionais, traz para Campinas e Santo André duas artistas relevantes a cena contemporânea. Ana Angélica Costa é fotógrafa e gestora do espaço alternativo Casa de Eva, que em Campinas realiza diversos trabalhos com Artes Visuais, formação artística e difusão cultural. Mariana Vilela é performer e mora em Campinas, apresentando grande atuação artística na região do ABC Paulista, onde viveu por mais de uma década.
Ana e Mariana mostram a união de trabalhos numa experiência com fotografias realizadas com uma câmera analógica de longa exposição, através da qual Ana capturou diversas performances, realizadas por Mariana, nos últimos meses.
Aconteceu algo, no mínimo curioso, enquanto produzíamos a exposição. Fui convidado para ver uma das ações das artistas, na qual Mariana trouxe o seu coração de madeira para ser vestido por outras pessoas, no centro de Santo André, no final da manhã de um dia ensolarado. Parte da performance você vê nesta mostra, em que é possível ver as fotos da cidade, ao fundo. Eu estava chegando perto da performance quando fui abordado por uma pessoa que, sem saber quem eu era e qual a ligação que eu tinha com o projeto, sugeriu para que eu colocasse o coração, e, enfaticamente, disse: “eu sou como você”. Eu tive que segurar o choro. Colocar o coração já seria demais para mim, pessoa que sempre fica nos bastidores; mas ter uma relação com um desconhecido assim, na rua, me fez renovar os votos do motivo de fazer arte e dedicar a vida à cultura.
Fazer arte é acima de tudo resistir.
O coração ligado ao outro diz um pouco sobre este processo que vivemos e sobre os dias atuais. A tensão criada pelos finos fios que Mariana tece nos corações para nos dar essa sensação de conexão, mesmo que frágil, pode ser lida como uma tentativa de relacioná-la aos lugares e aos outros. A ligação que Ana faz, ao expor as fotos tiradas das ações em tecidos voais, é, talvez, um meio de trazer a leveza e paz de espírito que estamos precisando. Se há lugares nos quais habitam o ódio e a intolerância, naquelas imagens habitam a leveza e a paz de espírito.
Com pequenas doses, Mariana e Ana, em conjunto, produzem estas lindas imagens que certamente irão te levar para outro lugar: o do seu próprio eu.
E quem quer ver o seu eu interior?
DOUGLAS NEGRISOLLI
Curador independente
FICHA TÉCNICA
Produção: Débora Bruno
Assistente de Produção: Helio Carvalho
Comunicação Visual: Camila Almeida
Ana Angélica Costa
Artista visual, pesquisadora e produtora cultural, mestre pelo PPGArtes da UERJ, especialista em História da Arte e da Arquitetura no Brasil pela PUC-Rio, e graduada em Educação Artística com habilitação em História da Arte pela UERJ.
Possui MBA em Gestão e Produção Cultural pela FGV. Uma das fundadoras do Projeto Subsolo, produtora de arte com foco em fotografia e arte contemporânea que atuou no Rio de 2005 a 2015. Possui ampla pesquisa em fotografias feitas com câmeras pinhole e experimentos com câmeras obscuras.
Em 2013 desenvolveu a caixa Continente: Pinhole, e foi contemplada com o XIII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia Funarte e com o Edital de Fomento de Artes Visuais da Prefeitura do Rio de Janeiro para desenvolver a publicação Possibilidades da câmera obscura, lançada em 2015. No mesmo ano mudou-se para Campinas e fundou a Câmera Lúcida (www.cameralucida.com.br).
Em 2017 foi responsável pela Curadoria do eixo Imagem Mágica dentro do Festival Hercule Florence de Fotografia. Tem obras na Coleção Joaquim Paiva, em comodato com o MAM-Rio e já participou de diversas exposições coletivas e individuais.
Mariana Vilela
Nascida em Belo Horizonte, Brasil, 1975.
Vive e trabalha em Barão Geraldo, Campinas SP.
Mariana Vilela é artista, educadora e pesquisadora. Graduada em Letras – Português/Espanhol pela Faculdade São Bernardo (2011), cursou também o Teatro Universitário da UFMG (2003).
Transita pelas Artes Visuais, teatro e poesia. Interessa-se especialmente pelo corpo e suas relações com o espaço, com os objetos e com o Outro. Elege a rua como poética e a partir dela constrói sua estética. Desde 2016 vem participado de inúmeros salões de artes plásticas pelo interior de São Paulo. Prêmio aquisição em Mogi das Cruzes com o trabalho “Para além do espelho”. Participa de exposições coletivas e individuais em instituições públicas e privadas.